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Os primeiros ventos de primavera chegaram, trazendo com eles a brisa leve e fresca da novidade. As mudanças iminentes do amanhã enchendo nossos pequenos e frágeis pulmões, fazendo-nos sentir o cheiro quente e úmido do futuro. São tantos abraços, tantas lágrimas, tantas fotografias pra recordar mas, ao mesmo tempo, tantos sonhos ainda para concretizar. Quero ficar no aqui e agora, mas quero ver também nascer o novo e presenciar o inédito.

Meu coração, que estava se acostumado com a sequidão e frieza do inverno, estranha a linda flor que começa a brotar dentro de mim. O que parecia estar tão longe de repente chega e faz bambear até mesmo as pernas mais corajosas. A esperança se mistura com medo e a respiração fica mais curta. Os olhos, paralisados frente ao desconhecido, marejam ao pensar em tudo o que vai ficar para trás mas logo são inundados pela alegre expectativa do que está por vir.

O inverno se foi. Por causa dele, uma ruga apareceu repentinamente na minha testa e algumas cicatrizes ficaram no meu coração. Tudo aquilo que parecia que não iria passar nunca, passou. Ao olhar para as marcas que o inverno me deixou, escolho levar comigo a gratidão. Para que seja a graça que me impulsione para o amanhã, não a culpa ou o ressentimento.

Sei porém que essa brisa logo passa e num segundo vem a calmaria do presente novamente. Logo quando me acostumar a respirar desse jeito, meio apertado, o peito desaperta e as flores caem. Não se preocupe, logo os ventos voltam e sentes a brisa fresca do novo, de novo.

Soprar este que te faz sair do lugar e voltar a caminhar. Vento esse que tem cheiro de grinaldas, de tinta fresca na parede do apartamento alugado, de roupas na mala, de roupinha de neném, de neve caindo na janela pela primeira vez, de telefonemas saudosos, de uma lágrima caindo na taça de vinho na noite escura e calada. Sopro esse que tem sempre cheiro de “adeus” e de Deus. Adeus a tudo o que se foi até aqui, para dar lugar a quem vai ainda se tornar com tudo o que está por vir.

Venha, brisa suave, pode soprar. Sem saber ao certo de onde vem, nem pra onde vai, confio na Sua direção. Sei que o destino final é calmo e tranquilo, mas até lá muitas estações ainda vão passar. Por isso, seja bem-vinda, primavera.