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hoje a Disney lançou o trailer oficial do filme da Bela e a Fera e eu, como muitas meninas que passaram sua infância nos anos 90, me emocionei. Me emocionei por que aquela personagem me inspirou a ser estudiosa, inteligente, corajosa e – ainda assim – desejar amar alguém e me deixar ser cuidada por esse alguém.

isso me fez refletir sobre a recente discussão a respeito de “escola de princesas” ou “escolas de des-princesamento”. e como corremos o risco de, por conta das polarizações das redes sociais, desvalorizar algo que, na realidade, quando incentivado na medida certa e com os propósitos corretos, faz bem.

ainda não sou mãe de menina, mas se Deus um dia me der esse privilégio e responsabilidade, com certeza ela vai poder sujar o pé de barro – igual a mãe – vai poder lutar kung fu – igual a mãe – vai poder ralar o joelho no asfalto – igual a mãe – vai poder jogar bola na rua com os moleques – igual a mãe – vai ser incentivada a fazer faculdade – igual a mãe – vai ser incentivada a trabalhar – igual a mãe. E vai ser ensinada a nunca se achar menos importante do que qualquer menino pela simples fato de ser menina. ponto.

mas minha filha também vai poder brincar de princesa – igual à mãe – vai poder usar vestido e laço no cabelo – igual à mãe – vai poder aprender a cozinhar – igual à mãe -vai poder fingir dar papinha para um bebê de plástico – igual à mãe – vai ser incentivada a se casar e formar família – igual a mãe – vai aprender a fazer tarefas domésticas – igual à mãe e, ainda assim, vai ser ensinada a não se sentir menos importante do que qualquer menino pelo simples fato de ser menina. ponto.

acredito que não devemos mesmo incentivar nossas filhas a desejarem ser princesas perfeitas esperando serem resgatadas pelos seus príncipes encantados em seus castelos idealizados. Mas também não acho que, por medo dos esteriótipos, devamos rechaçar com tanta veemência qualidades e brincadeiras que há tanto tempo permeiam o universo feminino e compõe, sim, muito do que faz as mulheres singulares e complementares aos homens (mas jamais menos importantes!)

Tá ficando cada dia mais chato isso, de ter que ser sempre 8 ou 80. Ou é princesa ou é moleca. Ou é mulher-forte-empoderada-trabalhadora ou é mulher-recatada-e-do-lar. Há tantas nuances entre os extremismos e a beleza está justamente nisso… Pra minha futura-filha ser uma mulher forte e empoderada ela não precisa deixar de ser gentil, depender de alguém (sim, confiar e ter uma relação de parceria com alguém inclui interdependência) e se permitir ser cuidada. É claro que não vou incentiva-lá a “precisar” de um príncipe para ser feliz ou para se sentir valorizada. Mas não faz mal nenhum ela também desejar um relacionamento com um homem que a respeite, trate como igual, incentive que ela desenvolva todo o seu potencial, que a ame e que enfrentaria dragões por ela (eu, como mãe de meninos, certamente vou me empenhar para criar homens assim). E, depois – ou até antes – do felizes para sempre, não faz mal nenhum também a princesa ajudar o príncipe a matar os leões de cada dia.

Então, por que não deixamos nossas meninas serem princesas? Por que não deixamos elas sonharem em se casar usando vestidos lindos e rodados com o amor de suas vidas?

Por que não deixamos as nossas meninas serem molecas? Por que não deixamos elas brincarem livre, se sujarem e não serem “perfeitas”?

Elas podem, inclusive, ser as duas coisas ao mesmo tempo, se elas quiserem, e não há mal nenhum nisso, muito pelo contrário.

[na foto, a linda Olívia, filha da minha queridíssima amiga Andrea, que tem feito um lindo “trabalho” criando meninas-princesas-molecas]