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Neste post eu descrevi o turbilhão de emoções que é descobrir que seu filho é APLV. Nele eu disse que iria explicar por que só retirar leite e derivados da dieta da mãe que amamenta pode não adiantar para a melhora efetiva do bebê. Pois bem, assim que constatei que o leite era o problema por aqui Deus cruzou meu caminho com uma pessoa muito querida e mãe de filho com APLV, a Renata Siggelkow do blog Diário de uma Loba. A Renata tomou muito do seu tempo para me explicar todas essas coisas que vou dizer abaixo. Sou eternamente grata a ela pois, por causa do cuidado dela, pude começar a dieta já tendo tudo isso em mente e assim evitar muita frustração.

Antes de tudo, alergia a proteína do leite de vaca (aplv) é diferente de intolerância a lactose!

Os sintomas são diferentes e quem tem intolerância pode consumir uma série de produtos sem lactose que não podem ser consumidos por quem tem alergia!

Agora, vamos falar sobre contaminação cruzada e traços de leite

Primeiro e super importante, eu não estava consumindo leite e derivados, mas também não estava fazendo controle de traços de leite. Então não via melhoras no Gabriel. Eu não sabia que quando cozinhamos algo com leite em uma panela de teflon, usando uma colher de pau e depois colocamos em um tupperware no microondas estamos contaminando todos esses utensílios e eletrodomésticos com a proteína do leite. Esses materiais (plástico, teflon, madeira) retém a proteína e não adianta tentar lavar com água quente que não resolveria. É preciso trocar por utensílios novos. Sabendo disso, retirei todos esses utensílios da minha cozinha e deixei eles fora de vista pra não correr o risco de utilizá-los sem querer. Higienizei meu microondas, forno, panelas de inox, pratos, talheres e copos e, a partir dali, tomava todo cuidado para não contaminar novamente a minha cozinha.

Além disso, eu não estava consumindo nada com leite em casa, mas meu marido estava e usávamos a mesma esponja para lavar os utensílios de cozinha. Ou seja, a esponja também estava contaminada com a proteína do leite. Como resolvemos esse problema? Consegui convencê-lo a não consumir alergênicos em casa, mas antes passamos a usar esponjas e pias separadas para evitar contaminação.

Aprenda a ler rótulos de produtos industrializados

Segundo, não estava tomando o cuidado necessário com os produtos industrializados que estava consumindo. Assim como na nossa cozinha pode haver contaminação, os produtos industrializados que não contem leite em sua composição podem ter traços de leite por terem sido embalados ou feitos em maquinários contaminados. Graças ao lindo trabalho das mães do Põe no Rótulo hoje é exigência da ANVISA que sejam discriminados nos rótulos todos os alimentos alergênicos embaixo da lista de ingredientes. Portanto, é muito importante aprender a ler rótulos pois o leite pode estar “disfarçado” com outros nomes como caseína, lactoalbumina, etc e sempre lembrar de checar a parte destinada aos alérgicos.

Investigue outros alimentos

Quarto, se tiver cortado leite e derivados, estiver fazendo controle de traços, lendo os rótulos de produtos industrializados atentamente e mesmo assim não identificar melhoras, desconfie de outros alimentos alergênicos (por aqui o Gabriel só estabilizou depois que cortei o ovo e a soja). Infelizmente os exames de sangue (RAST) não são confiáveis nesses primeiros meses de vida pois dão muito falso negativo (e mesmo quando feito em crianças mais velhas, o negativo não significa que a criança não seja alérgica, mas sim que ela não tem uma reação alérgica imediata àquele alimento, podendo apresentar reações tardias que são muito mais difíceis de serem identificadas). O diagnóstico nesses casos é clínico – ou seja – observação dos sintomas e para isso, é bom manter um diário alimentar em que se anota tudo o que comeu e as possíveis reações do bebê para conseguir descobrir o “vilão”.

Espere pela estabilização

Quinto, a “estabilização” – limpeza completa dos alérgenos no organismo do bebê – pode demorar até 8 semanas, portanto não desista da amamentação antes disso! Pode parecer que ele não está melhorando, mas é só questão de tempo. Assim que constatei que o leite de vaca fazia mal para o Gabriel, tivemos consulta com a pediatra e ela sugeriu que passássemos 72h dando Neocate (leite especial para alérgicos à proteína do leite de vaca) para fecharmos o diagnóstico. Me lembro de estar dando mamadeira para ele durante uma madrugada e vendo o meu sonho de amamentação exclusiva desmoronando. Logo me passou pela cabeça: “E se ele ficar bem? Não seria mais fácil e melhor simplesmente dar a fórmula e ter a certeza de que ele não teria mais crises, pelo menos até a introdução alimentar?” Mais fácil, talvez sim. Melhor, eu acreditava que não. (Vale ressaltar aqui que cada caso é um caso. Na minha opinião, o melhor para o meu filho era continuar no leite materno, mesmo que isso significasse uma dieta extremamente rigorosa pra mim.) Eu preferi tentar seguir com a amamentação por acreditar que o leite materno é rico em anticorpos e outros componentes que não se encontram nos leites artificiais e que os benefícios para mim e para ele ultrapassavam os sacrifícios que eu teria que fazer para continuar amamentando.

Procure profissionais especializados!

Terminando, se você é mãe de alérgico e pretende fazer dieta para tentar continuar amamentando seu filho, procure profissionais capacitados a te apoiar nessa jornada nada fácil! Procure um gastropediatra pró-amamentação que te acompanhe na investigação das reações e na introdução alimentar do bebê. Procure ajuda de um bom nutricionista materno-infantil que te ajudará a manter uma alimentação minimamente balanceada diante de uma dieta tão restritiva. E, mais importante, lembre-se sempre que a amamentação é uma via de mão-dupla e que você tem que continuar tendo prazer nesse ato, portanto só leve-o até onde você quiser e aguentar!

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